terça-feira, 22 de novembro de 2011

EM ALETHÉIA

IMAGEM DA WEB

Quantas vezes escrevi,
Postei em Blog, não salvei
E o site se extinguiu.
Não imprimi.
Idéias, pensamentos perdidos
Ou outra vez reprimidos?
Do que falamos, formulamos
Expressados nos lampejos
Da lucidez dos afetos.

Sei de minha, tua, nossa existência
Velados e desvelados
Impérios de mistérios
Que quando menos esperamos
Afloram e enunciam
Consistência do a-de-ser.

Meias palavras, verdades em construção
Também andam na contramão
Do que buscamos desvendar
Por vezes longe de seu lugar
O importante é não parar
Nem um encontro é inútil
Existir é re-invetar.

Da paixão que somos prisioneiros
Do amor que nos toma por inteiros
Abstraímos a cada dia
A acolhida assumida
Do fazer acontecer
Desvelando sem temer
Isso que podemos ser
Para valer!

Por Salete Cardozo Cochinsky em 22 de novembro de 2011

domingo, 30 de outubro de 2011

GOTAS EM CENA

Imagem uol - foto de silueta de atores em cena na China

Quando a cortina se abrir
sabemos que vão surgir,
num espaço interativo.
inscrições de vida.

Páginas escritas,
escrituras da existência
insistência em construir,
e unir.

Com outros em campo aberto
Me desperto me alerto
Da hora de entrada em cena
Ainda pequena.

Vem a luz, esvai-se o escuro
E o jogo de corres esconde
Ilumina e determina
A cena que outros vão ver.

Do interlúdio transitório
Para além do ilusório
Elos se fazem nascer

Salete Cardozo Cochinsky, outubro 2011

sábado, 17 de setembro de 2011

AMOR IN-VERSOS


De carinhos e carícias o desejo se alimenta,
Mas também desse perfume trazido pela grandeza
Dessa gentil natureza e seus odores,
Trazem a tona com as flores de laranjeiras,
De pessegueiros e romãzeiras
As mais perfumadas lembranças que alimentam
Os ciclos naturais de vida agraciada.



O amor é um tecido a ser acrescido
Com elementos nem sempre tão conhecidos.
A cada dia, desde a aurora a até a próxima,
Pois quando o sono nos acolhe traz consigo
Mais elementos, formas, são provimentos.



Se abrirmos as portas, janelas entram e saem por elas,
Nossos afetos que encontrarão não só insetos,
Mas um infinito canto que embala e convida
Viver a vida enquanto ela oferece
Todas as formas de amores irracionais,
Dos quais seletos, na percepção da emoção
Que vem de outras, naturezas concebidas.


Todas as fotos feitas pela autora em Porto Alegre-RS, Brasil

Por Salete Cardozo Cochinsky - final do inverno de 2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

DE ALGUM LUGAR

Foto de Diamond Lips - Web

AQUI:
“proferindo discursos variados/ Urrando gritos confusos através das máscaras de palhaço/ Escalando pontes de palavras mentirosas/ Arco-íris multicores/ Entre falsos céus/ e falsas terras/ Vagando, pairando aqui e acolá/ Apenas palhaço/ Apenas poeta”
(Assim falava Zaratrusta, IV em O canto da melancolia)



Quando liberamos a palavra, seja em forma de fala ou escrita ou quando deixamos nossos olhos, nossos gestos sob observação de outros, permitimos sermos tocados e tocar, a quem ou aquilo de quê ou quem nem sempre sabemos.

Na rua,
Na sua,
Entoei,
Viajei!
Nos vales,
Montanhas,
Artimanhas,
Façanhas.
Saquei!

Dessa forma, só o curioso, o que consegue superar o medo de explorar o mundo da matéria e dos afetos tem a possibilidade de ampliar os horizontes com os pés no chão.

No chão da lua,
Do pé vento,
No relento,
No trilha dos oceanos.
Humanos!
Nem marionetes
Ou bonecos de pano.

Por Salete Cardozo Cochinsky - Inverno de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

MOVIMENTO


Imagem web


Com nexo,
Sem nexo
Rabiscos se fazem.
De um ponto a outro
Traços vão ficando,
Tornando invisível
O que ainda move.
Do centro para fora
Do fora par dentro
Que de toda forma
Constrói máscara informe.
No contexto amplo
No restrito íntimo
No todo divisível,
Todo acrescentável,
Todo extraível,
Todo multiplicável.
Do cosmo e matéria
Pensamentos, emoções
Do frio e do quente
Do fogo e da água
Dos ventos uivantes
Suaves ou em rajadas
Gritos ou risadas
Palavras trocadas
Gestos enunciados
De longe ou de perto
De agora ou dos ontens.
De contactos e, tantos
Juntam-se as rasuras
E a cada laço
Somam-se os passos
Singularizadas.

Imagem Web




Con nexos,
Sin nexos,
Rasguños se hacen.
Desde un punto a otro
Señales van dejando,
Volverse invisible
Lo que aún se mueve.
Del centro para fuera
Del fuera para el centro
Que de toda la forma
Construyen máscara informe.
En el amplio contexto
En el mínimo íntimo
En todos los divisibles,
Todos, agregables
Todos, extraíble
Todo multiplicable.
Del cosmos y de la materia
Pensamientos, emociones
Fría y caliente
Fuego y el Agua
Vientos tempestuosos
suaves o en las ráfagas
gritos o los sonrisos
Intercambio de palabras
Gestos comunicados
De la distancia o de a cerca
De ahora o ayer.
Contactos, y muchas
Se une a las borraduras
Únase a los borrones
Y cada lazo
agregan los pasos
singularizados.

Por: Salete Cardozo Cochinsky – Porto Alegre, RS - Brasil

domingo, 12 de junho de 2011

DESALINHO


“Con tal que las costumbres de un autor, sean puras y castas, importa muy poco que no sean igualmente severas sus obras”
Don Tomás de las Torres no prefácio de seu livro POEMAS DE UN AMADOR



Cartas na mesa
Desfazem a beleza,
As surpresas,
Também a ilusão.

Nas cartas cruzadas
Há encruzilhadas,
Lembrando as estradas
Que serão traçadas
Para continuar.

Retoma a jogada
Com cartas marcadas
Intimida? Não.
É chão
Nunca percorrido em vão.

De um singular,
Leveza ou tensão,
Põe-se a navegar,
Vago em desalinho
Ondas de um laguinho
Hei de atravessar.

*******************************************************
Tradução da autora


Desaliñado

Cartas sobre la mesa
Deshacer la belleza,
Las sorpresas
También la ilusión.

En las cartas cruzadas
Ha encrucijada
Recordando las carreteras
Que serán señaladas
Para continuar.

Otra vez al juego
Con cartas marcadas
Amenazador? No.
Es la tierra
Nunca viajó en vano.

Del uno singular,
Suavidad o la tensión,
Ponerse a navegar,
Vacante en desaliño
Las olas de un laguna pequeña
Voy a pasar.

Por: Salete Cardozo Cochinsky, junho de 2011

domingo, 29 de maio de 2011

MEIAS VOLTAS

Imagem da web


Nasci nua,
mas não crua
já vim investida
de desejos mil
e a vida ensina
rumos ramificados
descobrir e encobrir
os momentos de sorrir
as vontades de chorar
e as meias voltas a dar
quando num lugar se vê
aquilo que faz sofrer
e seguir pelo caminho
que evita os espinhos.

Nasci nua
mas não crua
quanto os sentidos chamados
Redobra a atenção
Não anda na contramão
E se precisar voltar
Começou a revolução,
enfretar é evolução.

Por Salete Cardozo Cochinsky, final de maio de 2011

domingo, 22 de maio de 2011

Mark Knopfler - Brothers in Arms



Ontem a noite fui matar a saudades de assistir o DVD Music for Monteserrat e resolvir compartilhar com vocês.

A letra

Brothers In Arms
Those mist covered mountainsAre a home now for meBut my home is the lowlandsAnd always will beSome day you'll return toYour valleys and your farmsAnd you'll no longer burnTo be brothers in arms

Through these fields of destructionBaptism of fireI've whittnessed your sufferingAs the battles raged higherAnd though they did hurt me so badIn the fear and alarmYou did not desert meMy brothers in arms

There's so many different worldsSo many different sunsAnd we have just one worldBut we live in different ones

Now the sun's gone to hellAnd the moon's riding highLet me bid you farewellEvery man has to dieBut it's written in the starlightAnd every line on your palmWe're fools to make warOn our brothers in arms
Companheiros de Batalha
Estas montanhas cobertas de névoasão um lar para mim agoraMas meu lar são as planíciesE sempre serãoAlgum dia vocês voltarão paraseus vales e suas fazendase não mais arder o desejode ser um companheiro de batalha

Por estes campos de destruiçãoBatismos de fogoAssisti a todo o seu sofrimentoenquanto a batalha se acirravae apesar de terem me ferido gravementeem meio ao medo e ao pânicovocês não me desertarammeus companheiros de batalha

Há tantos mundos diferentesTantos sóis diferentese nós temos apenas ummas vivemos em mundos distintos

Agora o sol foi para o infernoe a lua está altadeixe-me dizer adeustodo homem tem de morrermas está escrito nas estrelase em todas as linhas de sua mãosomos tolos de guerrearcom nossos companheiros de batalha

sexta-feira, 13 de maio de 2011

OS VERSOS DO ADVERSO


Imagem Reflexão - Imagem pintura Mulher na Toallete - uol



Pesquisando textos mais atuais sobre afetos e emoções para indicar como bibliografia para uma supervisionanda, encontrei esse belo e tão realista texto poético de FERNANDO PESSOA, num trabalho publicado por Carlos Pinto Corrêa (2)
Psicanalista. Membro do Círculo Psicanalítico da Bahia

Entendi que merecia ser compartilhado.


"E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.
A certos momentos do dia recordo tudo isso e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta estrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta saciedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.”


Por: Salete Cardozo Cochinsky - outono de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

OBVIEDADES

Foto da web

Ah, se não fossem as pontes,
As fontes,
Os túneis,
O ontem!
Para transpormos os vales,
Vale lembrar os túneis
Que atravessam montanhas!
O hoje não seria assim
Com cheiro da flor de jasmim,
E ai de mim,
Seria o fim
Se não houvesse o amanha,
Pois hoje é ponte do ontem,
Que no conjunto são fontes.

Por: Salete Cardozo Cochinsky - Porto Alegre/RS outono de 2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

FRAGMENTOS II - Repost



FRAGMENTOS II
Nada se sabe que não seja além daquilo que o tempo ensina. Se há um saber possível, esse se mantém na linha do tempo. Tempo individual e tempo cultural. Da experiência inicial à formação de idéias. Bem no início da vida de cada um e dos contatos, comunicações entre os seres.
Mais que isso, esse tempo é contado a partir de que o ser pensante e “criativo” tenha abstraído o saber e transformado em conhecimento. Ser é o que se percebe no universo com algo que de alguma forma faz eco dentro de si. Os meandros do psíquico que é abrigado por um corpo e seus conteúdos aguardam para poder mostra-se como parte desse universo que é constituído na interação interno e externo pelos sentidos, instrumentos de movimentação e comunicação.
Eles já haviam se perguntado sobre as consequências do tempo inúmeras vezes, em algumas se apropriaram um mínimo do que havia de livre-arbítrio entre um e outro ponto, entre um e outro tempo. Não fosse isso não chagariam a lugar algum. Perceberam-se tantas vezes em estado de ilusão em relação aos movimentos realizados. Pois nem sempre um movimento significa a mudança de posição desejada.
Certo dia, bem cedo, o sol ainda não havia despontado na linha do horizonte, mas ela já havia saído da cama. Alegrou-se por poder desfrutar apenas o barulho, o cantarolar dos pássaros, nessa estação, outono, bem menos entusiasmados. Os barulhos decorrentes dos deslocamentos da população urbana ainda não vociferavam poluindo os ouvidos. Respirou fundo e lembrou-se dos tempos de infância quando o cantar dos galos era o despertador. Não era o caso, necessidade externa levantar tão cedo, mas os cheiros orvalhados da grama e das flores fizeram eco em seus sentidos.
Pensou em acordá-lo para desfrutar da harmonia das cores promovida pelo alvorecer, do cheiro da grama, das folhas e das flores próprias daquele momento do dia. Um dia que prometia sol aberto. Não o fez, pois conhecia as diferenças sobre o que promovia prazer para cada um.
A capacidade de lembrar indica que há um percurso, dados e fatos vivenciados. O presente passa a cada mínimo de uma cronologia ou consciência da existência. Portanto, o futuro também passa; primeiro no imaginário, segundo nos atos e ações. E com isso constamos uma a-temporalidade concreta, e uma a-espacialidade flexível e elástica. Quanto mais se vive, mais constatamos que nosso conhecimento é ínfimo diante complexidade para o mais importante, viver em harmonia, como um fragmento do cosmos. É tão simples.
Mas é a partir do momento que o sol se põe na linha do horizonte que se pode perceber com mais nitidez as faíscas, a fumaça e as línguas de fogo que são lançadas pela erupção de vulcões, cuja potência e tamanho de espaço que ocupam, estão submersa ou abrigada por camadas de elementos não vulcânicos.
A linguagem pode ser comparada a essas faíscas, chispas, fumaça e as línguas de fogo. São anúncio de algo poderoso que existe e que é em outro local em que pode ser visto, observado sua origem e sua as condições de força.

Por: Salete Cardozo Cochinsky

sexta-feira, 8 de abril de 2011

SIMPLESMENTE

Furacão: Imagem web

I

Olho a página em branco

Antes que amarele

Ou fique empoeirada

De teias tapadas,

Busco força e luto.

II


Abro as asas e tento,

Sentir-me em assento

Tendo tantos afins

Para me apoiar

E revigorar as forças perdidas

Nas voltas da vida.


Foto feita por mim do que vejo de imediato ao abrir a janela da suite pela manhã.

III






Mudanças são partes.

Vida como a arte,

Me pego a compor

Decompostos eu’s



Recorro a Zeus

E ao acordar,

Vejo o limpo céu

E outra vez as flores

Na minha janela,

São convites abertos

Para fazer registros

Dos traços que seguem.

Salete Cardozo Cochinsky em março de 2011. 


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

TRAVESSIA

                                                   Foto da Nasa publicada na web


O amanhã é um sorriso com brisa perfumada,
É só seguir a estrada, não tenhas medo de nada.
A mesma pedra ou flanco que podem te machucar
Também podem estar ali para que aprendas a andar.




E quando o tempo faz um corte é um aviso
Simbolizado, propondo ver o horizonte,
De outros ângulos, dançam e clamam motivos
Há que se ter coragem, confiar e decifrar mensagens.




Entre o nebuloso, o estrondo, os perigos
E a serena melodia da paz e luz irradia,
Próprios dessa existência imperativa
Em qual se abrigam momentos subvertidos.

Salete Cardozo Cochinsky 03 de janeiro de 2011.