sexta-feira, 29 de abril de 2011

FRAGMENTOS II - Repost



FRAGMENTOS II
Nada se sabe que não seja além daquilo que o tempo ensina. Se há um saber possível, esse se mantém na linha do tempo. Tempo individual e tempo cultural. Da experiência inicial à formação de idéias. Bem no início da vida de cada um e dos contatos, comunicações entre os seres.
Mais que isso, esse tempo é contado a partir de que o ser pensante e “criativo” tenha abstraído o saber e transformado em conhecimento. Ser é o que se percebe no universo com algo que de alguma forma faz eco dentro de si. Os meandros do psíquico que é abrigado por um corpo e seus conteúdos aguardam para poder mostra-se como parte desse universo que é constituído na interação interno e externo pelos sentidos, instrumentos de movimentação e comunicação.
Eles já haviam se perguntado sobre as consequências do tempo inúmeras vezes, em algumas se apropriaram um mínimo do que havia de livre-arbítrio entre um e outro ponto, entre um e outro tempo. Não fosse isso não chagariam a lugar algum. Perceberam-se tantas vezes em estado de ilusão em relação aos movimentos realizados. Pois nem sempre um movimento significa a mudança de posição desejada.
Certo dia, bem cedo, o sol ainda não havia despontado na linha do horizonte, mas ela já havia saído da cama. Alegrou-se por poder desfrutar apenas o barulho, o cantarolar dos pássaros, nessa estação, outono, bem menos entusiasmados. Os barulhos decorrentes dos deslocamentos da população urbana ainda não vociferavam poluindo os ouvidos. Respirou fundo e lembrou-se dos tempos de infância quando o cantar dos galos era o despertador. Não era o caso, necessidade externa levantar tão cedo, mas os cheiros orvalhados da grama e das flores fizeram eco em seus sentidos.
Pensou em acordá-lo para desfrutar da harmonia das cores promovida pelo alvorecer, do cheiro da grama, das folhas e das flores próprias daquele momento do dia. Um dia que prometia sol aberto. Não o fez, pois conhecia as diferenças sobre o que promovia prazer para cada um.
A capacidade de lembrar indica que há um percurso, dados e fatos vivenciados. O presente passa a cada mínimo de uma cronologia ou consciência da existência. Portanto, o futuro também passa; primeiro no imaginário, segundo nos atos e ações. E com isso constamos uma a-temporalidade concreta, e uma a-espacialidade flexível e elástica. Quanto mais se vive, mais constatamos que nosso conhecimento é ínfimo diante complexidade para o mais importante, viver em harmonia, como um fragmento do cosmos. É tão simples.
Mas é a partir do momento que o sol se põe na linha do horizonte que se pode perceber com mais nitidez as faíscas, a fumaça e as línguas de fogo que são lançadas pela erupção de vulcões, cuja potência e tamanho de espaço que ocupam, estão submersa ou abrigada por camadas de elementos não vulcânicos.
A linguagem pode ser comparada a essas faíscas, chispas, fumaça e as línguas de fogo. São anúncio de algo poderoso que existe e que é em outro local em que pode ser visto, observado sua origem e sua as condições de força.

Por: Salete Cardozo Cochinsky

sexta-feira, 8 de abril de 2011

SIMPLESMENTE

Furacão: Imagem web

I

Olho a página em branco

Antes que amarele

Ou fique empoeirada

De teias tapadas,

Busco força e luto.

II


Abro as asas e tento,

Sentir-me em assento

Tendo tantos afins

Para me apoiar

E revigorar as forças perdidas

Nas voltas da vida.


Foto feita por mim do que vejo de imediato ao abrir a janela da suite pela manhã.

III






Mudanças são partes.

Vida como a arte,

Me pego a compor

Decompostos eu’s



Recorro a Zeus

E ao acordar,

Vejo o limpo céu

E outra vez as flores

Na minha janela,

São convites abertos

Para fazer registros

Dos traços que seguem.

Salete Cardozo Cochinsky em março de 2011.