Viver a vida no mínimo e no máximo que ela se apresenta é o que coloca o ser da linguagem em sua ambiguidade essencial. É isso que viabiliza as interrogações no vácuo da metafísica.
sábado, 9 de outubro de 2010
ABSTRATO
Os signos, as letras, os sinais me tomam
Guiam meu espírito e minhas mãos
E ao dedilhar alhures ao teclado pronto
Refaço-me em pontos aonde nunca cheguei.
Se eu parar as reflexões, me tornaria refém de refrões?
Não, não seriam só refrões, adviriam os senões!
Sobre telhados molhados, senti os pés
De assas aparadas me debati entre ramos
Esconder-me de perigos, sentir castigos
Enquanto as letras me tomam, me domam.
Driblei os costumes, transgredi.
Vibrei de alegrias, me diverti
Senti pudores ao ver os horrores
Banhei-me em águas limpas para me purificar.
Ah, se os ventos, os rumos mudassem!
E se o barco que sou encalhasse em arreia
Ainda assim com visão de imagens, seria um manuscrito
Para retomá-los ao longo da viagem.
Por: Salete Cardozo Cochinsky em outubro de 2010
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17 comentários:
As letras dominam e libertam.
Asas soltas ou sob controle?
Texto abstrato ou não, um belo poema.
Uma profunda indagação.
Luiz Ramos
através das letras tanto se diz, tanto se sente, tanto se dá
Beijinhos
Abstraí tanta coisa desses seus versos abaixo:
...(Se eu parar as reflexões, me tornaria refém de refrões?
Não, não seriam só refrões, adviriam os senões!)
Genial, Sally. Belíssimo seu poema.
Um beijo
Digo:"Belíssimo, seu poema". :)
"Se eu parar as reflexões, me tornaria refém de refrões?
Não, não seriam só refrões, adviriam os senões!"
Salete, querida,
Interessante a questão que com maestria nos coloca, e, isso posto, a sua própria conclusão. No que reside, aliás, a importância do pensamento crítico/reflexão por nossa evolução.
Bjs e boa semana!
Minha Querida
As letras, as palavras, por vezes, são prisões...mas é tambem através delas que nos soltamos, arriscamos ainda que, com uma série de senões atrás de nós...
Gostei do teu poema reflectido, analítico e muito conclusivo.
Beijos
Graça
O barco navega e é isso que importa. Ainda mais quando tanta água resplandeces.
Beijos
Até sopro o ar pra ver se os ventos mudam...até mudam, mas para onde querem..e normalmente não é pra onde soprei..rs
[]s
Haverá sempre signos que nos permitam comunicar... só que, por vezes, os ruídos os abafam.
No entanto, banhar-se em águas limpas é uma purificação, um apagar de signos mal colocados, um retomar a viagem.
Bjins
Você adotou um ritmo mais leve, mais solto, dando mais valor à liberdade do que a literalidade.
Pisar no telhado molhado é uma bela imagem, mais bela ainda pela profissão de fé na palavra. Naquela que a modifica, ou modificará. Esta é a que tem o valor.
Parabéns, sempre. Beijos.
Encalhar em areia? Nunca deseje isso. Tanto quanto nunca parar com as reflexões. Talvez encostar em algum porto e depois seguir viagem...
beijo
Oi, Salate! Andas sumida. apareça!
Bjs!
Passei para te desejar um bom feriado de TODOS OS SANTOS!
beijo
Graça
E as letras, querida Salete, lhe devolvem as asas, um dia aparadas... Que lindo poema!
Beijos, com carinho
Madalena
Salete, querida!
Agora entendo sua ausência: estavas curtindo férias merecidas. Fiquei muito feliz de saber, e espero poder ver fotos dessa jornada em algum lugar. Bjs e bom retorno!
Salete querida, ler seus poemas é entrar em caminhos de reflexão e ir ao encontro de nosso eu mais profundo.
Sim, esse nosso barco da vida, feito com signos e sinais gráficos, muitas vezes esbarra-se em dunas. Mas nossa força interior move-o novamente para "para pontos aonde nunca" antes chegamos.
Beijos!
lindos versos!
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