sábado, 7 de julho de 2012

PROSPECTO DE UM AUTO-RETRATO

                                         Imagem abstrata de autoria de Salete Cardozo cochinsky



Cria-me a tua imagem e semelhança/

fazendo de mim teus sonhos ou delírios/

em algum tempo o brilho, em outro um andarilho em obscuro/

para ser uno - uno em mim - também a indiferença/

No espelho, tantas vezes invertido.



Encontrar-me nesse imenso oceano/

das palavras que me tomam sou cativo/

cultivando-as como de um veleiro aproprio-me/

quebrando ondas no anseio derradeiro/

Desse que sente do imposto olhar

Um estrangeiro.



Do rascunho, signos pilotos convertidos/

em estandarte, a arte sucumbe aos apelos/

da invenção transformadora dos desejos/

ensejos estridentes, anseios imprudentes/

extraindo dos ofuscantes esboços

Raios de luz.


9 comentários:

Luna disse...

somos um retrato que ao longo do tempo vai sendo reinventado
beijos

Graça Pereira disse...

Gostei deste poema e deste auto retrato onde cada um te pode ver como te idealizou: traço firme, num caminho onde te procuras...
Uma semana de sonho.
beijo
Graça

Everson Russo disse...

A cada momento da vida um novo retrato de nós mesmos é refletido em vários acontecimentos novos ou reprisados,,,e assim vamos construindo nossa história...beijos de boa semana pra ti.

João Esteves disse...

Seu prospecto seria um estudo, um esboço, ou teria algum outro nome (nada conheço da terminologia nem dos tecnicismos das artes plásticas) mas meu leigo 'olhar imposto' sobre seu ensaio abstrato (não sei se é esse o nome mas vá lá, se qualquer outro, este outro) experimentou um agrado que faço questão de comunicar-lhe, agrado bastante amplificado no texto acompanhante, onde a arte já me é bem mais familiar, pois as tintas e demais ingredientes aí já são verbais. Para uma visita retributiva a seu Aletheia, foi bastante prazer, querida Salete. Grande abraço.

Tere Tavares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tere Tavares disse...

Somos outros a cada instante, e a grande beleza da constância em transmutarmo-nos reside justamente na oportunidade não desperdiçada.
Abraço amiga querida, bonjour!

Luísa Nogueira disse...

Como o João Esteves bem disse, sua tela é uma amplificação desse poema "raio de luz". Aliás, sua obra de cores está sempre lindamente associada à sua obra literária! Beijos, amiga!

Álvaro Lins disse...

Gostei do auto-retrato:)!
Mas não gosto de espelhos!
Bjo

Guma disse...

Olá Cara amiga Salete,

Quantas leituras fiz... e quantas sensações experimentadas.
Todas se fundiram com o mesmo final, quando se percebe, que de um bosquejar pouco nítido, se nos afiguram os Raios de Luz.

Beijo e kandandos