quarta-feira, 28 de outubro de 2009

COM(&)JUNTO



                               Tela reproduzida por Salete a partir de uma imagem de arte digital da web.


COM(&)JUNTO



Ah, não é quimera


Ao despontar a primavera


Buscar lua, rua, sua


No banho de prata,


Arrebata.

                                                     Porto Alegre- RS, primavera 2009
                                                         Salete Cardozo Cochinsky

domingo, 30 de agosto de 2009

FRAGMENTOS II

  Pintura em Acrílico sobre tela, versão pintada por Salete Cardozo Cochinsky, das Cavernas de Maresha situadas em Israel.
  "Quando se está dentro de uma ou cavernas o melhor que temos a fazer é abstrair e aprender o que elas têm a nos dizer." Salete C. Cochinsky
FRAGMENTOS II
  O casal chegou apresado. Rapidamente cada um observava um lugar do ambiente e logo chegaram à decisão do local em que construiriam sua casa. Tão seguido, juntos começaram o processo de construção.
  Lembrei-me dessa cena hoje, ocorreu em setembro de 2008, mas hoje achei prematuro e precipitado o que vi. Os Sabiás, mesmo com essa garoa que faz em Porto Alegre já estavam selecionando material para construir seu ninho. Outra vez um deles, impetuoso tentava carregar mais que podia no bico.
  Estar disponível para observar o que acontece ao alcance de nossas percepções proporciona prazer, pelo menos em quando se constata que movimento é motivado pelo desejo, nesse caso instinto de criação, renovação, procriação – pró-criação. Fazer um ninho implica essas perspectivas; o desejo de deixar herdeiros, de perpetuar. Filhos necessitam um lugar seguro para sobreviverem os primeiros tempos de vida, cuidados e estímulos até que possam, nesse caso, literalmente voar sozinhos em busca do que necessitam para viver o máximo possível, (dedução minha, risos).
  As coisas belas, alegres podem levar as pessoas a lembrar as feias, tristes, contra a construção de um futuro, portanto da falta de cuidados. É o que prenuncia a destruição, No caso do ser humano, que é movido pelo desejo, pela afetividade, podemos entender isso como a falta do sentimento de amor, primeiro por si próprio, reconhecimento de que merece ser querido pelo bem e agradável que pode proporcionar. É essa a gênese do reconhecimento e amores a outros.
  Infelizmente constatamos que esse aspecto destruidor do ser humano está cada vez mais acentuado, mais liberado, motivado. Quais seriam os mecanismos biopsicossociais que produzem essa realidade. É certo que constamos comportamentos destrutivos desde a história de Caim e Abel, também que o construtivo, assim como destrutivo é veiculado pela cultura, pelas e leis. Quem as faz? Onde estão escritas?
  O que pode sustentar as horas, os momentos, os dias de paz, conforto, confiança, alegria e encantamento são os mecanismos que o ser humano cria, inventa para apoiarem-se quando estão diante de fatos e dados que causam sofrimento. Lembramos da letra musical da Banda Dire Straits composição Brothers In Arms de Mark Knopfler, Jornais da Banda Gaúcha Nenhum de Nós. Até aqui entre 10 e 12 de agosto/09
  O que chama atenção na arte, especialmente nas canções e no conjunto de sons que as acompanham, (afinal o som é o primeiro anúncio de um vivente que deseja manifestar sua existência pública), é o aspecto tratar do tema, falar dessa causa de dor de uma meneira composta (fala-se de coisas que causam sofrimento, mal-estar para qualquer ser sensível a vida, através da arte de transformar em letra musical. Nesse caso o arranjo musical, os instrumentos formam um conjunto.
  Constatamos então que entre o bem e o mal há uma brecha para que possamos passar. Ouvindo ou assitindo alguém cantar acompanhado de sons instrumentais podemos chorar de emoção por dois motivos simultaneamente, mas a música, pela menos para mim é uma prova do que assim como aqueles que provocam raiva pelo mal que promovem, há também aqueles que se propõe a aliviar a dor para que possamos seguir em frente. Juntemo-nos a esses.
  Escrevendo isso, lembrei-me de uma outra letra musical. Essa apesar de falar do esquecimento do adulto de que quando era infante também percebe a realidade assim como ela se apresenta, assegura-se na ilusão, também necessária para crer e fazer a vida valer; trata-se de Bola de meia, Bola gude, composição de Milton Nascimento e Fernando Brant, belamente interpretada pela banda 14 BIS.
  Dessa transcrevo uns recortes que ilustram o que me proponho a expressar. Vejam:
Bola de Meia, Bola de Gude
Há um Menino!
Há um Moleque!
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem prá me dar a mão...
Há um passado
No meu presente
O sol bem quente
Lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa
Me assombra
O menino me dá a mão...
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade
Alegria e amor...
Pois não posso
Não devo e não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso
Aceitar sossegado
Qualquer sacanagem
Ser coisa normal...
Bola de Meia! Bola de Gude
O solitário não é solidão
Toda vez que a tristeza
Me alcança
O menino me dá a mão...
  E assim entre os fatos e dados reais, sejam objetivos ou subjetivos, perceptíveis por manifestarem-se fisicamente ou ainda apenas como potencial (a pulsão destruidora), e mais, que é inegável que o sistema social vem promovendoo desenvolvimento de personalidades para as quais a vida é banal, é impresincível que possamos também encontrar meios de neutralizar o mal que isso nos faz e produzir, criar, inventar meios que aliviam e instrumentalizam nossa alma, nossa psiquê para que a vida não seja insuportável, ja que nossa condição dentro de um sistema não viabiliza que posssamos impedir, amenizar o desenvolvimento dessas personalidades que são capazes de destruir, matar filhos, pais, avós, qualquer um que na concepção desses impede seu desejo incontrolável de sentirem-se donos absolutos do que desejam.


Concluído em 30 de agosto de 2009



Salete Cardozo Cochinsky

sexta-feira, 17 de julho de 2009

RE<>VELAÇÕES एम्:


RE<>VELAÇÕES em:



Linguagem:
que conta com devoção,
emoção, imperfeição,
afeição, simulação,
o que passa na oração
dos transeuntes do presente,
do legado aos sucessores
como se é afetado
pela teia e o redil.

Linguagem:
Que fez rir e faz chorar
dividir, multiplicar,
diminuir e acrescentar
fragmentos insolúveis,
insondáveis abundâncias,
atemporal ou circunstância,
das verossímeis lembranças
do irreversível nomeado,
ao que incógnito está.

Linguagem:
fugidia, evaporada,
de todo modo, expressada
quando se pensa calada
revolve o público e o privado
devolve com seus sinais,
desnuda vence as vaidades,
irrompe de identidades
vence tempos, se dissolve
criando outros canais.



Versão para o idioma espanhol pela autora

RE<>VELACIÓN

Lenguaje:
que cuenta devoción,
la emoción, la imperfección,
la afección , la simulación,
lo que pasa en la oración
de los transeúntes del presente,
sucesores de la herencia
cómo se é afectada
por la urdimbre y la cerca.


Lenguaje:

¿Qué te hace reír y llorar?
dividir, multiplicar,
reducir y añadir
insoluble en fragmentos,
insondable abundancia,
tiempo o circunstancia,
de los imaginables recuerdos,
de los inalterables nombrados
al que incógnito está.
Lenguaje:

fugaz, evaporada,
en cualquier caso, enunciada
cuando usted piensa calada,
escarba lo público y lo privado,
retorna con sus señales,
desnuda vence las vanidades,
irrumpe de las identidades
vence el tiempo, se disuelve
fundando otros canales.

Porto Alegre, RS – Brasil:
Por: Salete Cardozo Cochinsky





segunda-feira, 22 de junho de 2009

ENTRETANTOS






ENTR(E)TANTOS





Pássaro em solo descansa,
asas de sua solidão, avança,
na direção de um outro
que alhures suas penosas semelhanças
que nas diferenças são
alados,
aprisionados,
mortificados,
afugentados por impactos entre as correntes dos ares.

Remember;
“Spirits In The Material World” .(The Police)
Uma canção cantada para não deixar morrer
a existência do ser enquanto além corpo.
Então dois pássaros voando; ah, ah, ah!
Em busca de habitat para seus anseios,
abrandar,
consolar,
desmitificar,
solo e ar como entraves derradeiros.

Juntar-se ao bando, proteção, prorrogação
Tempo de vidas, olhar(es) no singular
Sobre oceanos e seus charcos intocáveis
E as sensações de distancias ao aproximar
E o planar de cada um, radares são
de interrupção,
migração,
celebração,
do povoado um, dois, “trocentos” milhão.
Voando, caminhando, velejando
brindando o aconchego de lugar/luar
de cada, de todo o um, que acompanha
pontual, sem mal e sem igual, no singular
o leve e sereno sentir ser – lido,
lidando, com(e)sigo estar.

segunda-feira, 1 de junho de 2009


DOLORIDA LUCIDEZ
Por: Salete Cardozo Cochinsky em 01 de junho de 209

Vive-se no contrabalanço,
entre uma energia propulsora
da vida que se conhece
à simulação de um consolo
da paz e quietude do nirvana,
de existência a partir do pó.
Medo de ser eterno!


terça-feira, 12 de maio de 2009

INTRANSITIVO





“Na existência humana compartilhamos as grandes questões do destino humano. A questão da precariedade humana, a questão do imponderável, a questão da solidão essencial, da sexualidade, da vida e da morte. Essas são questões que nos Precedem.” Gilberto Safra em “(A PO-ÉTICA NA CLÍNICA CONTEMORÂNEA)


Não sou poeta.
Os afetos que me compõem
pedem e fazem caminhos
às vezes por entre espinhos
No campo da ilusão.
As palavras são as vias
que às vezes a revelia da razão,
usam a via da paixão
para expressar tanto o amor
quanto o desolamento e a dor.
Nelas me encontro,
no ponto do desencontro,
recorre-se ao espelho
como requer a experiência
de saber que é por outros
que conhecemos os “nós”.


Escrito em 11 de maio de 09 por Salete Cardozo Cochinsky


quinta-feira, 7 de maio de 2009

INSÓLIDA FRONTEIRA




CAMPO SEM FRONTEIRA

La, onde ocorrem as cenas e os ditos,
nem sempre se ouvem as vozes
denunciadas em gestos, corporais, lábios faciais
entre a abundância de sons de objetos que funcionam como ventania
imperam em desfiladeiros,
partes ocultas do conteúdo e do roteiro.

Cruzadas vazias de inválidos princípios,
personagens conhecidos, humanos desconhecidos
sucede-se em imensos palcos onde alternados
as práticas vigentes, cotidianos e envolventes
que do universo afetivo, desejos atuantes.

Razão no átomo, emoção no movimento,
no tempo, um fragmento que se move em derradeiro
Foi da cultura antepassada a odisséia
ainda incógnito o andamento previsível
enquanto pirilampos dançam em queda livre.

E quando se abre os olhos com as retinas desgastadas
La na memória reconhecendo-se ator/autor
percorre-se campos sem fronteiras, convite à liberdade,
recursos para salvar-se a alma em sua completude
onde os afetos são íntegros e maleáveis
porque alhures para tantos há lugar para o outro,
o OUTRO como objeto não descartável
intocável, respeitável em sua opinião.


Salete Cardozo Cochinsky em 07/05/2009